Camelôs tomam conta dos calçadões de Madureira
Com crescimento acelerado, as ruas de madureira estão cada vez mais lotadas.

Roupas com preço baixo, material escolar diversificado, calçados e até alimentos são itens que se encontram nos camelôs de Madureira. Com muita variedade de compras, o crescimento de ambulantes e barraquinhas no calçadão tem sido notado não só pela concorrência lojista, mas pela população também. Os vendedores carregam as mercadorias em carrinhos de mão ou ou expõem os produtos no chão. Se tornando referência para os consumidores. No calçadão encontra de tudo um pouco, desde roupas e acessórios até eletrônicos e produtos de beleza.
Para Beatriz Gomes, que costuma fazer compras nos camelôs de Madureira, fala sobre sua experiência:
– “ Eu amo comprar aqui, pela divulgação e praticidade de ter tudo que eu preciso no mesmo lugar. Normalmente, sempre vou colocar um piercing, eu tenho que comprar alguma coisa andando pelo o calçadão ou até mesmo no caminho para pegar o ônibus”.
Apesar de ser uma prática ilegal, a presença dos comerciantes é uma realidade em Madureira, eles são uma parte importante do comércio local, atraindo muitos clientes com seus preços acessíveis.
Porém, a presença dos ambulantes também gera controvérsias. Tanto para os pedestres, quanto para os comerciantes locais. A aparição deles também é pauta para muitos questionamentos e pontos negativos. Tais como:
Concorrência desleal:
Os vendedores ambulantes muitas vezes não pagam impostos e outras taxas, o que lhes permite oferecer preços mais baixos do que os lojistas estabelecidos. Isso pode levar a uma concorrência desleal e prejudicar os comerciantes que seguem as regras e regulamentos.
Problemas de higiene e segurança na venda de alimentos:
A falta de regulamentação e controle pode levar a problemas de higiene na venda de pães, alimentos lácteos ou que deveriam estar congelados. Uma vez que os vendedores não estão sujeitos às mesmas inspeções e controles que os estabelecimentos comerciais formais.
Não emitem notas fiscais:
Geralmente, os lojistas não possuem CNPJ ou MEI e acabam não oferecendo a emissão de nota fiscal, causando dúvidas sobre a procedência dos produtos.
Apesar das críticas, os camelôs continuam a exercer suas atividades e fazem parte da paisagem do calçadão de Madureira. Muitos deles são pessoas que não têm outra fonte de renda e encontraram na venda ambulante uma forma de sobreviver em meio à crise econômica do país, tendo também pontos positivos, sendo eles:
Praticidade na compra de produtos:
Por haver uma grande quantidade de vendedores em uma distância pequena, existe uma facilidade em pesquisar valores e qualidade de produtos.
Preço mais acessíveis
Por se tratarem de produtos de baixa qualidade, os valores costumam ser menores
Os camelos trazem também uma forma de inclusão para pessoas que não conseguem comprar objetos de marcas como roupas, copos, garrafas e brinquedos, pois o valor é muito abaixo do que os originais, e apesar de criminalizado, inclui uma variedade enorme de pessoas, fazendo com que se sintam pertencentes ao meio em que vivem.
Legalidade das atividades dos ambulantes
A questão da legalidade das atividades dos ambulantes é complexa. Embora a Constituição brasileira assegure a livre iniciativa e a liberdade de comércio, as leis municipais e estaduais podem limitar essas atividades em determinados locais. No caso de Madureira, a Prefeitura do Rio de Janeiro emitiu uma série de normas que regulam o comércio ambulante na região. Por exemplo, os ambulantes devem se registrar na Secretaria Municipal de Ordem Pública e pagar uma taxa anual para exercer suas atividades. Além disso, eles só podem vender produtos em áreas designadas para isso, como os calçadões e as feiras livres.
As autoridades locais buscam soluções para o problema, como a criação de espaços específicos para a venda dos ambulantes e a regularização dos camelôs que atuam na região.
“A Secretaria de Ordem Pública realiza ações para coibir ambulantes irregulares em Madureira, assim como em toda a cidade do Rio de Janeiro. Desde 2022 foram realizadas 40 operações, com 345 ambulantes fiscalizados e 1.090 mercadorias apreendidas de ambulantes ilegais.
A SEOP possui o programa Ambulante em Harmonia, que busca a convivência harmônica entre os ambulantes, pedestres e lojistas e que já está implantado em seis áreas da cidade. A pasta estuda sua expansão para outras regiões.“
Mesmo com todas as medidas tomadas pelas autoridades, a população reclama da dificuldade que encontra ao caminhar pelas ruas em Madureira. Rosangela Ribeiro, que frequenta o local para fazer compras e já sofreu acidente no calçadão fala sobre os problemas que vem enfrentando por causa dos camelôs:
“Além de ter dificuldade para atravessar as ruas, porque eles formam um paredão, é visível o problema em andar nas calçadas também, já que muitas pessoas param para comprar ou ver os produtos e acaba engarrafando a passagem, que por sua vez, é curta. Eu mesmo, em uma dessas, já caí e quebrei meu pé, pois se torna inviável andar ali em alguns dias e horários“
Ainda assim, existem aqueles consumidores que dizem evitar ir para Madureira em determinados momentos do dia, pois o fluxo de pessoas é maior, com o espaço limitado nas calçadas por conta das barracas fica difícil para todos que frequentam ali.
No entanto, os camelôs também são uma forma de circulação de dinheiro, tendo em vista que os investimentos com os materiais usados, pontos de venda, e diversas outras coisas, geram um lucro ainda maior, já que o fluxo de pessoas no bairro faz com que cresçam as vendas. Para Marina Avila, que trabalha como vendedora na Estrada da Portela, este trabalho foi uma maneira de sair do desemprego:
“Estava desempregada em 2019, antes da pandemia, até que decidi abrir uma loja online onde vendia roupas e moda praia. Comecei vendendo 2 a 3 peças por semana até que quando as lojas voltaram a abrir, minha mãe deu a ideia de pegar um ponto em Madureira, foi a melhor coisa que fiz. Hoje em dia consigo vender bem tanto pelo instagram quanto aqui no calçadão”
Apesar dos preconceitos que a sociedade tem com os camelôs, é inegável a importância dos vendedores e ambulantes para a sociedade. Os ambulantes são uma presença constante nos calçadões de Madureira e fazem parte da vida cotidiana da região. Embora haja preocupações legais e de segurança relacionadas a suas atividades, muitas pessoas valorizam sua presença e acreditam que eles contribuem para a vitalidade do comércio local. Como tal, é importante que as autoridades continuem a monitorar as atividades dos ambulantes e a trabalhar para equilibrar os interesses de diferentes grupos na região.